Flash UFSC – Meu pet abelha

07/12/2023 17:03

Cachorros, gatos e até porcos podem ser seus pets… Mas você já pensou em abelhas?

O novo episódio do Flash UFSC mostra como as abelhas sem ferrão podem ser como um novo pet, criadas no seu quintal de casa ou até mesmo na varanda do seu apartamento.

A engenheira ambiental Stefânia Hofmann, integrante do Núcleo de Educação Ambiental da UFSC (Neamb), fala sobre alguns cuidados que devemos ter para criar abelhas sem ferrão em ambientes urbanos.

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CRÉDITOS:

Produção, roteiro e edição: Matheus Alves
Locução: Matheus Alves e Mayra Cajueiro Warren
Apoio técnico: Roque Bezerra
Arte: Audrey Schmitz

Tags: Flash UFSCPodcast

Flash UFSC – Charlatanismo quântico

23/11/2023 13:48

Terapia quântica, colchão quântico, coach quântico… Tudo isso tem nome: charlatanismo, uma técnica de enganação para vender um serviço ou ideia, distorcendo os conceitos da física quântica.

Nesse episódio do Flash UFSC, a professora do Departamento de Física da UFSC Débora Peres Menezes explica o que é a física quântica e como podemos evitar cair em armadilhas feitas pelos charlatões.

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CRÉDITOS:

Produção, roteiro e locução: Kauê Alberguini e Mateus Mendonça
Edição: Mateus Mendonça
Apoio técnico: Roque Bezerra
Arte: Audrey Schmitz

Tags: Flash UFSCPodcast

Podcast UFSC Ciência Ep. 16 – A vida, o Universo e tudo mais

31/10/2023 13:28

De onde viemos? Estamos sozinhos aqui? Qual a resposta para a questão fundamental da vida, o Universo e tudo mais?

A origem da vida na Terra e a busca por vida em outros planetas são os temas deste episódio do UFSC Ciência. Do nascimento do Universo aos projetos que buscam alienígenas em mundos distantes, falamos sobre os primeiros micro-organismos que apareceram por aqui e apresentamos seres que habitam ambientes extremos e inóspitos.

Dois professores da UFSC nos ajudam nesta jornada. Alexandre Zabot é professor do Curso de Engenharia Aeroespacial e coordenador do projeto Astrofísica para todos, que oferece cursos on-line gratuitos na área de Astronomia. E Rubens Tadeu Delgado Duarte é docente do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia e coordenador  do Laboratório de Ecologia Molecular e Extremófilos (Lemex), onde desenvolve trabalhos na área de Astrobiologia.

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Saiba mais sobre o planeta K2-18b, aquele que pode conter uma molécula que na Terra só é produzida por seres vivos, na matéria da BBC Brasil: Vida alienígena? Nasa analisa molécula de planeta distante que na Terra só é produzida por seres vivos.

No site da UFSC, tem mais informações sobre a VVV-WIT-07, a estrela peculiar que foi incluída no catálogo do Projeto Seti: UFSC na mídia: descoberta de professores integra catálogo internacional de busca por vida extraterrestre.

Quem se interessar em saber mais sobre Astrobiologia, pode conferir o e-book gratuito: Astrobiologia: uma ciência emergente

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CRÉDITOS:

Locução: Camila Raposo e Matheus Alves
Produção, roteiro e edição: Camila Raposo
Apoio Técnico: Peter Lobo
Música Tema: Alegorias de Verão, Modernas Ferramentas Científicas de Exploração
Arte: Marcio Luz Scheibel

Tags: PodcastUFSC Ciência

Que efeitos as queimadas em Santa Catarina têm sobre os peixes e a vida humana?

28/04/2023 15:13

Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biodiversidade Aquática da UFSC investiga o impacto do fogo e das cinzas na vida aquática e de seres humanos 

Para ler a reportagem especial em formato multimídia, clique aqui.

Foto: Reuters/Amanda Perobelli

Somente em 2022, Santa Catarina teve 1.360 focos de incêndio ativos de fogo, sendo agosto o mês de maior incidência, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No Brasil, as queimadas são um problema constante: entre 1986 e 2020, segundo dados do projeto MapBiomas, uma área de 1,67 milhões de km² do país sofreu com o fogo: esse tamanho é maior do que a extensão dos países da Noruega, Finlândia e Islândia juntos.

Em dados locais, Santa Catarina também é bastante afetada. O Parque Estadual do Rio Vermelho, por exemplo, possui uma unidade de conservação de proteção integral, que sofreu constantemente com queimadas nos últimos anos. Em abril de 2020, um incêndio chegou a comprometer 240 hectares do parque.

Enquanto os efeitos do fogo e das cinzas residuais sobre o solo e os organismos terrestres começam a ser mais amplamente explorados, ainda é limitado o número de estudos que avaliam como a biodiversidade do ambiente aquático responde à ocorrência de fogo e à chegada das cinzas à água. “Ano após ano, o ser humano tem registrado números recordes de incêndios, em áreas queimadas cada vez maiores, e eu sempre penso: essa quantidade imensa de cinzas que é gerada uma hora vai chegar no ambiente aquático, seja por ação da chuva ou do vento”, explica o professor Bruno Renaly Souza Figueiredo, do departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Aprovado no edital de chamada pública de 2021 da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), no programa de jovens projetos, o professor conseguiu os primeiros recursos para dar início à pesquisa: “Impacto do fogo e das cinzas sobre a biodiversidade na água doce: respostas dos peixes, dos anfíbios e dos microinvertebrados e macrófitas ao distúrbio”.

4 impactos das queimadas em Santa Catarina

As queimadas naturais ocorrem em áreas secas, predominantemente em clima árido ou semiárido. O estado de Santa Catarina está localizado em uma região historicamente chuvosa e úmida, entretanto, os períodos de estiagem no estado estão cada vez mais longos e com o registro de temperaturas cada vez mais elevadas. Como resultado a vegetação resseca, e o fogo tem mais chance de ocorrer e de se propagar, atingindo vastas áreas.

Aliado a isso, o ser humano tem provocado  uma maior quantidade de incêndios, de maneira deliberada ou acidental, tais como a queimada ilegal realizada para supressão da vegetação e limpeza de áreas, o fogo ateado na agricultura para facilitar a colheita ou na preparação do solo para a semeadura, e até mesmo após a queda de fios de transmissão de eletricidade alta tensão sobre a vegetação seca. Seja qual tenha sido a origem do fogo, ela terá consequências negativas para a biodiversidade dos ambientes terrestres e aquáticos, e mesmo para o ser humano.

1. O estado já registrou 124 focos ativos de fogo em 2023

Segundo os dados do INPE detectados por satélite, Santa Catarina registrou no total 124 focos ativos de fogo nos últimos três meses: 35 em janeiro e fevereiro, e 54 em março. Isso provavelmente se deve às mudanças climáticas que tem levado a estações secas mais longas e com o registro de temperaturas mais elevadas. Mas certamente, também está relacionada com o uso do fogo na agricultura: “É uma prática agrícola muito comum no Brasil, inclusive existe uma lei para proibi-la, mas ela ainda ocorre”, esclarece o professor Bruno Figueiredo. 

Os prejuízos das queimadas envolvem a retirada de nutrientes fundamentais do solo para o crescimento das plantas, desencadeamento de processo erosivo, aumento da liberação de dióxido de carbono e até mesmo a destruição de habitats naturais.

2. As cinzas do fogo prejudicam a biodiversidade aquática

O principal objetivo da pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biodiversidade Aquática (LABIAQ) é investigar como as cinzas oriundas das queimadas afetam diretamente a biodiversidade em rios e riachos. As cinzas podem chegar até a água, principalmente por ação da chuva, que lava o solo e pode carrear as cinzas, e pelo vento.

O professor comenta que a cinza pode matar: “a literatura científica tem revelado que as cinzas são uma substância complexa constituída por componentes químicos, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e metais pesados, com potencial mutagênico e cancerígeno, que compromete a potabilidade da água para consumo humano, leva a uma grande mortandade de peixes, e reduz as contribuições da natureza para as pessoas.” 

Ilustração que mostra o impacto das cinzas tanto na vegetação, quanto na biodiverside de águas continentais, realçando que organismos grandes, como peixes e mesmo a microbiota aquática pode ser extinta após a ocorrência de incêndios. Arte: Lorenzo Driessen Cigogini

3. Causa a morte de peixes – e o desaparecimento de espécies nativas

Resultados preliminares do estudo do professor Bruno mostram que, em experimentação laboratorial, as espécies nativas de peixes presentes em rios e riachos são mais impactadas que as espécies exóticas invasoras. Esse resultado indica que a chegada de cinzas na água após um incêndio provoca a morte dos peixes nativos, mas não impacta fortemente as espécies exóticas invasoras, ameaçando a conservação da biodiversidade nativa. 

O professor Bruno Renaly Souza Figueiredo é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e mestre e doutor pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). (Foto: Ana Quinto)

O professor explica que “geralmente, as espécies exóticas que são introduzidas nos rios e riachos do Brasil, são espécies nativas de outras regiões que possuem uma maior tolerância a alterações nas características ambientais”. O professor exemplifica que “a tilápia, por exemplo, é nativa do rio Nilo no Egito, e é muito resistente, e essa é uma das razões pela qual as pessoas a introduziram no Brasil”. Dessa maneira, como as espécies invasoras sobrevivem, elas começam a se reproduzir, e reduzem as chances das nativas retornarem ao ambiente.

4. As cinzas causam células tumorais nos peixes

“A gente verificou um resultado intrigante, que é o número de células com alterações genética em peixes expostos às cinzas. Para mim, isso acendeu uma luz de alerta importante: pois se as cinzas tem a capacidadede impactar os peixes, elas também pode fazer o mesmo com o ser humano que ingere uma água contaminada com partículas de cinzas ou ainda que se alimente de um peixe que viveu nessa água contaminada”, explica o professor Bruno. A acumulação de metais pesados e a presença de componentes mutagênicos, e potencialmente também cancerígenos, nos peixes tem impactos ainda incertos sobre os indivíduos que consomem esses animais contaminados. Futuras pesquisas no laboratório coordenado pelo prof. Bruno irá investigar esse tema.

A importância do estudo desenvolvido é fundamental para entender de que maneira as cinzas interferem na biodiversidade aquática e como esses fatores chegam até nós: “pode ser que os metais pesados nos tecidos dos peixes acabem também sendo acumulado por quem se alimenta dos peixes dessa região contaminada por cinzas”, esclarece.

Para expandir a pesquisa, é necessário financiamento

A primeira etapa da pesquisa será finalizada em novembro de 2023: o projeto, atualmente, conta com o trabalho de dois bolsistas de iniciação científica da UFSC, três estudantes extensionistas, um mestrando e dois doutorandos. As saídas de campo promovidas pelo grupo buscam capturar os organismos que vivem em rios e riachos do estado de Santa Catarina, para realizar os estudos experimentais que analisam a toxicidade das cinzas sobre a biodiversidade marinha. Com três estudos planejados, o objetivo é analisar a ecotoxicidade nos peixes invertívoros (aqueles que se alimentam de invertebrados); nas espécies nativas e invasoras de girinos; e na dinâmica populacional de microinvertebrados. 

O grupo de pesquisa realizando estudo de campo para as abordagens experimentais (foto: Arquivo pessoal)

Além do caráter científico, a pesquisa possui pretende envolver também a comunidade escolar e a sociedade civil: “Além da divulgação dos resultados para órgãos ambientais, a gente vai fazer esse trabalho em escolas, para realizar uma educação ambiental sobre as consequências ambientais do uso do fogo e geração cinzas para a biodiversidade que vive na água e mesmo para o ser humano”.

Também está prevista a realização de um workshop específico para gestores públicos da área ambiental, para apresentação dos resultados das pesquisas que avaliaram os impactos das cinzas sobre a biodiversidade e os riscos potenciais à saúde humana. “No nosso projeto, temos servidores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), até para termos essa conversa com o poder público e o órgão de proteção ambiental”.

Com a conclusão do edital da FAPESC, o grupo de pesquisa busca um novo aporte para continuar a realizar os trabalhos. Em uma segunda etapa, seria possível aprofundar os estudos por meio da aquisição de equipamentos apropriados para análises mais específicas. Atualmente, a pesquisa só tem conseguido êxito porque o laboratório de biodiversidade aquática da UFSC tem feito cooperação com outros laboratórios da UFSC, de outras Universidades Públicas do país (como UFPR, UFSCAR e UEM) e do exterior (como Universidade de Aveiro, em Portugal e Rhodes University, na África do Sul), viabilizando a condução da atual pesquisa.

Entretanto, é importante o fortalecimento do laboratório na UFSC, para que a equipe possa, de maneira independente, analisar os efeitos da presença de poluentes na água, como as cinzas para a potabilidade da água e os organismos que nela vivem: “no momento, a gente tem estudado as cinzas de queimadas, mas as cinzas podem ser geradas a partir de outros processos, como resíduo na produção de carvão, que é uma atividade localmente importante.” Assim, pesquisas podem ser realizadas para entender o principal dano relacionado as cinzas de carvão, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental, aliando economia e ecologia.

Sobre o pesquisador

Bruno Renaly Souza Figueiredo é professor do Departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ) da Universidade Federal de Santa Catarina. É graduado em Ciências Biológicas, e mestre e doutor pelo programa de Pós-graduação em Ecologia de ambientes aquáticos continentais. Suas pesquisas envolvem estudos de ecotoxicologia aquática, levantamento de biota aquática, dinâmica de cadeias tróficas, e mais. Contato: Bruno.figueiredo@ufsc.br.

Ana Beatriz Quinto | Estagiária de jornalismo / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica

Rafaela Souza | Estagiária de design / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica

Edição: Denise Becker | Núcleo de Apoio à Divulgação Científica (NADC-UFSC)

Podcast UFSC Ciência Ep. 11 – A Década dos Oceanos e a Ciência

20/09/2022 16:26

Quantas espécies podem habitar o fundo do mar? Como é o oceano profundo e misterioso? Com o que sabemos sobre esse ecossistema que cobre cerca de 70% da Terra, conseguimos frear a ação humana a ponto de salvar o planeta? Essa temática vem sendo foco permanente de discussões. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, popularmente conhecida como Unesco, decidiu transformar esta na Década da Ciência Oceânica para o desenvolvimento sustentável. Na prática, isso significa que estamos vivendo um momento propício para falar da ciência que estuda o oceano e todos os seus possíveis desdobramentos.

Para falar sobre o tema, entrevistamos os professores da UFSC Paulo Horta, Tatiana Silva Leite e Alessandra Larissa Fonseca, três pesquisadores que estudam o oceano a partir de diferentes enfoques.

> Ouça através do player abaixo:

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CRÉDITOS:

Locução: Amanda Miranda e Luis Ferrari
Produção e roteiro: Amanda Miranda
Apoio Técnico: Roque
Edição: Amanda Miranda
Música Tema:Alegorias de Verão”, Modernas Ferramentas Científicas de Exploração.

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O podcast UFSC Ciência é uma produção da Agência de Comunicação da UFSC. Gravado no Laboratório de Radiojornalismo da UFSC.

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Mais informações, críticas, elogios, sugestões pelo e-mail podcast@contato.ufsc.br.

Cientificamente Falando: Exoplanetas

19/05/2022 11:00

‘Cansado da vida na Terra? Que tal procurar outro planeta?’ – com essas duas perguntas o novo episódio do Cientificamente Falando apresenta o conceito de exoplaneta e os desafios da ciência em encontrar planetas distantes e analisar suas condições iniciais para abrigar vida.

A humanidade se questiona há séculos sobre a possibilidade de haver vida em outros planetas e se será possível um dia migrarmos a algum deles. Para responder se um planeta é habitável são dois os desafios: encontrar os planetas e identificar se possuem condições para abrigar vida. Encontrar planetas tem como desafio a impossibilidade de visualizar corpos sem luz própria, ao que duas técnicas são exibidas no vídeo animado. Uma vez descobertos um planeta, a pergunta é: pode abrigar vida?
(mais…)

UFSC Explica: Aquecimento global

27/06/2019 15:54

As principais pesquisas científicas recentes afirmam que as drásticas mudanças climáticas atuais têm como principal causa o aquecimento global. Mas o que é exatamente o aquecimento global? Que evidências existem? Quais suas consequências? Para responder a essas e outras perguntas, o UFSC Explica de junho conversou com três pesquisadores especialistas no tema.

Regina Rodrigues, professora de Oceanografia (UFSC) e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climática das Nações Unidas (IPCC) e do Núcleo de Estudos do Mar (Nemar/UFSC). Regina atuou entre 2015 e 2016 como pesquisadora visitante no Department of Atmospheric, Oceanic and Planetary Physics da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Desenvolve estudos na área de Oceanografia Física; interação do oceano com a atmosfera; fenômeno El Niño; variabilidade climática; e variabilidade do Atlântico tropical.

Marina Hirota Magalhães, professora de Meteorologia (UFSC) e integrante do Group for Interdisciplinary Environmental Studies (IpES). Marina pesquisa Geociências; Meteorologia; Climatologia; interações biosfera-atmosfera; sistemas complexos, estados de equilíbrio alternativos e tipping points; tipping points no sistema clima-vegetação-distúrbios; efeitos das mudanças climáticas no sul do Brasil; e desastres naturais e eventos meteorológicos extremos.

Pablo Borges de Amorim, pós-doutorando do do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA/UFSC), membro do Laboratório de Hidrologia da UFSC (LabHidro). e assessor técnico da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) em projetos de adaptação à mudança do clima.  Foi auxiliar de coordenação de projetos entre Brasil e Alemanha e pesquisador pelo departamento de Remediação de Águas Subterrâneas do Helmholtz Umweltforschungszentrum (UFZ ), em Leipzig, Alemanha (de 2009 a 2015) e pela Technische Universitaet Dresden. Desenvolve pesquisas nas áreas de mudança do clima; Geociências, com ênfase em Climatologia, Hidrologia e extremos climáticos.

Confira abaixo o vídeo, também disponível em nosso canal do YouTube.

Impactos milenares do clima

18/12/2017 09:19

Pesquisa estabelece curva de variação do nível do mar em Santa Catarina

Caetano Machado

As variações do nível do mar são cíclicas, ocorrem ao longo do tempo geológico e são influenciadas pelos processos de aquecimento e resfriamento do planeta. Pesquisadores do Grupo de Oceanografia Costeira da UFSC, que integram o projeto Stratshore, fazem o seguinte questionamento: como as alterações climáticas dos últimos 10 mil anos afetaram a plataforma continental – a parte do fundo do mar que inicia junto à costa – da Ilha de Santa Catarina e região adjacente?

Eles também analisam o reflexo dessas influências na estratigrafia e na evolução morfodinâmica de longo prazo, ou seja, tentam identificar a acumulação das camadas nos fundos marinhos e como se movimentaram nesta escala de tempo. O Stratshore já obteve resultados inéditos sobre a evolução da plataforma continental interna de Santa Catarina — uma região caracterizada pela presença de enseadas intercaladas por promontórios rochosos —, utilizando métodos de geofísica rasa de alta resolução, estratigrafia e geomorfologia.

“A estratigrafia é um ramo da Geociências que se preocupa com a distribuição, origem, propriedades, conteúdo, posição e correlações entre as unidades estratigráficas, principalmente de origem sedimentar”, explica Ricardo Piazza Meirelles, pesquisador bolsista do projeto pelo CNPQ – Ciência sem Fronteiras, atração de Jovens Talentos. Numa definição clássica, seria “a descrição dos corpos rochosos que formam a crosta da terra e sua organização em unidades mapeáveis distintas, com base em suas propriedades e atributos intrínsecos”.

A pesquisa estabelece o ajuste de uma curva de variação relativa do nível do mar durante o Holoceno – os últimos dez mil anos antes do presente – para a plataforma interna adjacente à Ilha de Santa Catarina. “Nossa motivação é tentar entender como ocorreu o desenvolvimento da plataforma continental de Santa Catarina. Essa curva permitiu discutir e compreender os impactos das variações climáticas na zona costeira e plataforma continental interna em escala geológica para o Hemisfério Sul, em especial o Sul do Brasi”, observa Ricardo.

Avanços

Os resultados também descrevem e comparam aspectos da estratigrafia e evolução morfodinâmica dos depósitos em subsuperfície, inéditos para Santa Catarina, utilizando métodos de geofísica rasa de alta resolução. Para Ricardo, o Stratshore representa um avanço nas interpretações destas camadas, que dificilmente seriam detectadas e descritas sem a aquisição dos dados geofísicos.

As expedições marítimas do projeto trouxeram dados geofísicos inéditos (250 quilômetros de linhas sísmicas rasas de alta resolução e dados batimétricos) graças a diferentes equipamentos, como Boomer, Chirp e MK-3. “Esses dados foram tratados com a utilização de softwares específicos para o tratamento de dados sísmicos como, por exemplo, o SonarWiz e, mais recentemente, o Meridata, para posteriormente serem interpretados e discutidos”, conta Ricardo.

Discussões mais consistentes sobre a evolução geológica da região foram substancialmente incrementadas com os resultados do Stratshore, que servem como base para estudos em outras regiões do Brasil e do mundo. De acordo com Ricardo, “houve, pela primeira vez no Brasil, uma integração da planície costeira com a plataforma continental interna. Esses resultados combinados possuem consequências para o tratamento de dados estratigráficos e sismoestratigráficos aplicados tanto à planície costeira, quanto às regiões marinhas submersas”.

As variações do nível do mar são cíclicas e ocorreram ao longo de todo o tempo geológico, esclarece Ricardo: o que proporciona essas oscilações são, principalmente, o aquecimento e o resfriamento do planeta. “O aquecimento global favorece que a água aprisionada nas calotas polares como gelo derreta e vá para o oceano, aumentando a quantidade de água, o que forçaria uma subida do nível do mar, uma transgressão marinha sobre o continente e alagamento. O oposto ocorre quando acontece o resfriamento da terra: a água do mar, durante períodos de resfriamentos ou glaciações, é aprisionada na forma de gelo nas calotas polares ou em regiões sob a influência desse resfriamento, o que força uma regressão marinha. Ou seja, o nível do mar recua.” As evidências desta ciclicidade estão marcadas ao longo do tempo.

Colaborações

Além de avançar no entendimento dos processos e da estratigrafia da região da plataforma interna de Santa Catarina, o Stratshore foi importante para estabelecer uma rede de colaboração nacional e internacional e capacitar os profissionais envolvidos, avalia Ricardo. Um exemplo do alcance dos resultados foi a publicação de um artigo científico em um periódico internacional de prestígio, o Marine Geology, sobre um estudo de caso na Baía de Tijucas, região adjacente à Ilha de Santa Catarina. Uma grande acumulação de lama na praia é visível neste local. De acordo com Ricardo, “estudos anteriores mostravam, através de perfurações geológicas e datações, que essas acumulações de lama ultrapassavam 10 metros de espessura”.

“Quando analisamos outras baías próximas que sofrem influência de aporte fluvial, não observamos grande quantidade de lama na praia, o que ocorre na região de Tijucas, em que toda a praia é dominada por lama”, relata o pesquisador. Algumas hipóteses foram desenvolvidas pelos pesquisadores e a principal pergunta foi: por que esta deposição tão acentuada, especificamente neste local?

Uma das suspeitas é que a lama foi aprisionada desde o Holoceno. “Nós direcionamos parte de nossos esforços a obter dados de geofísica na Baía de Tijucas. Depois do tratamento de dados, interpretações e discussões, conseguimos observar barreiras arenosas que se formaram na região da plataforma interna, um pouco mais profundas, cerca de 15 a 20 metros de profundidade do nível atual, e que durante a sua formação foram uma das grandes responsáveis pela acumulação de lama na Baía de Tijucas”, analisa o pesquisador.