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Ilse Scherer-Warren
Publicado em 11/12/2015 às 09:1140 anos dedicados a pesquisas sobre movimentos sociais
Fábio Bianchini
“Muito amor pela Universidade.” Assim, com poucas palavras, Ilse Scherer-Warren explica por que adiou o dia de se aposentar quase tanto quanto pôde. “Quase” porque trabalhou até bem pouco antes da data de sua aposentadoria compulsória, em janeiro de 2014, quando completou 70 anos. “Dois ou três dias, porque achei que não tinha que ser tão precisa assim. Se já tivesse mudado a legislação (ela refere-se ao projeto de lei aprovado no Congresso que altera de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória para servidores públicos), eu teria esperado mais. Mas atuar como voluntária dá mais liberdade, posso me dedicar mais ao que gosto mesmo”, diz.
No caso de Ilse, isso significa estudar movimentos sociais, principalmente à frente do Núcleo de Pesquisas em Movimentos Sociais, que ajudou a fundar na UFSC em 1983. Em setembro, foi homenageada durante o 17º Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Sociologia, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, a mesma onde fez sua graduação, com o Prêmio Florestan Fernandes – a distinção foi criada como reconhecimento à atuação de profissionais que contribuíram para o progresso da Sociologia no Brasil. Entre os premiados anteriormente estão Fernando Henrique Cardoso, Manuel Correia de Andrade, Heraldo Pessoa Souto Maior, Octávio Ianni, Neuma Aguiar, José de Souza Martins, Juarez Rubens Brandão Lopes, Wilma de Mendonça Figueiredo, Francisco de Oliveira e Silke Weber.
Ainda assim, prefere falar das atividades e realizações do Núcleo, que, de acordo com números de 2013, havia gerado 35 projetos, 96 dissertações e teses, 29 livros e 69 capítulos de livros (“mas acho que é mais”, avalia). A preocupação coletiva aparece também no final da entrevista, depois de falar da aposentadoria, a premiação e sua história pessoal. Para responder à pergunta sobre o que pensa do futuro, fala mais do Brasil do que de si própria. “Sou otimista, mas está estranho. Para quem viveu a ditadura, ver determinados discursos, manipulações e convicções políticas… não são nada melhores que as barbaridades que a gente ouvia em 1968. Acho que realmente precisa de muito estudo.” Quando diz o nome do país, assim como todas as palavras terminadas em “L”, aparece a característica que mais facilmente identifica suas origens no interior do Rio Grande do Sul: a pronúncia da consoante como “L” mudo mesmo, já armando para a vogal que não vem, não como “U”.
Foi em Portão, a 43 quilômetros de Porto Alegre (estimativa de população em 2015, de acordo com o IBGE: 33.994 pessoas), que ela começou sua trajetória acadêmica, na garupa de uma égua. Era como, aos oito anos, percorria os dois quilômetros que separavam a pequena propriedade de sua família da escola do município. “Eu era pequeninha, magrinha, e meu pai fi cava preocupado se eu fosse a pé. Naquela época, já tinha uma fascinação muito grande por estudar”, relembra. No segundo ano, começou a ir a pé mesmo, por conta própria. Seus passatempos preferidos eram caminhar pelo campo e brincar de dar aula para alunos imaginários. O pai, pequeno agricultor, era liderança política local: participou da construção da igreja, fez parte do antigo Partido Libertador e, depois, do Partido Democrático Cristão. Nas páginas do jornal que ele assinava, encantou-se com as reflexões do pensador, jornalista, professor, crítico literário e líder católico Alceu Amoroso Lima, que escrevia sob o pseudônimo Tristão de Ataíde. “Ele era muito humanista”, recorda.
Chegou a ir para o colégio interno – por vontade própria, para seguir os passos da irmã mais velha (tinha uma irmã e sete irmãos) – e, quando terminou o ensino fundamental, parou momentaneamente os estudos formais, já que a escola local não tinha o ensino médio (“hoje já tem”, faz questão de destacar), e foi para a cozinha. “Fiquei nessa dos 12, 13 anos até os 17, mas sem esquecer meu sonho. Queria algo como Filosofia, Psicologia, Psiquiatria, Jornalismo ou Literatura, por aí.” Mudou-se para Porto Alegre e foi trabalhar, sem remuneração formal, na casa de uma família, que, por sua vez, pagava seus estudos. Com os livros do irmão mais velho, preparou-se para o exame supletivo e passou. Também do irmão mais velho havia ganhado um manual de Sociologia, com o qual havia se identificado e, assim, fez o vestibular da UFRGS para Ciências Sociais, que, na época, permitia mais adiante optar pelo curso de Jornalismo. Mas não foi o caso.
“Nas Ciências Sociais, senti-me em casa”, explica. Entrou no curso em 1965, um ano após o golpe militar, quando a repressão já se sentia, mas ainda não era tão forte quanto se tornou a partir de 1968. Tão logo aprovada no vestibular, tomou uma iniciativa que renderia frutos: ainda pintada de caloura, foi até a Aliança Francesa, explicou que tinha interesse em aprender o idioma, mas não podia pagar pelo curso, e acabou ganhando uma bolsa. Participou ativamente do movimento estudantil e foi a muitos protestos e passeatas. “Quando nos aproximávamos do centro da cidade, a polícia vinha em cima, com cavalaria. Muitos anos depois, fui ao Fórum Social Mundial, e, só de ver a cavalaria de novo, deu um calafrio. Em um deles, o que mais me marcou, um policial encostou uma arma contra meu peito.”
O Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre Sociologia do Trabalho. Imediatamente começou o mestrado, também na UFRGS, com o tema de movimentos sociais rurais: patronais e camponeses. A essa altura, já em 1969, pós AI-5, o regime político já era bem mais pesado. Ao clima plúmbeo da época somava-se, para Ilse, a carga de aulas da pós-graduação. “Tinha que bater ponto e tudo”, conta. Para aliviar a tensão, ela arranjou mais um compromisso: aulas de teatro à noite. Chegou a participar de uma peça infantil, mas não levou a carreira dramática adiante.
Em vez disso, em 1971, terminado o mestrado, começou a analisar as possibilidades para o doutorado. A essa altura, sabia que queria sair de Porto Alegre, conhecer coisas diferentes. Procurou então contato com Fernando Henrique Cardoso, que fizera uma palestra na UFRGS; chegou a visitá-lo em São Paulo (foi recebida primeiramente por Ruth Cardoso), mas ele havia sido aposentado compulsoriamente pelo decreto-lei nº 477, de fevereiro de 1969. Ainda assim, indicou-a à USP, mas a possibilidade de estudar na Europa e de colocar em prática seus anos de estudo do francês atraíram-na mais, e Ilse começou a entrar em contato com a Sorbonne, na França, mesmo sem saber que tipo de apoio teria. “O pessoal perguntava se eu não tinha medo de ir para fora e eu dizia ‘para fora de quê?’; não existia isso de dentro ou fora para mim”, enfatiza.
Ainda com as possibilidades em aberto, foi para a Inglaterra naquele ano, enquanto o clima político no Brasil endurecia ainda mais. Chegou lá sem nenhuma indicação, falando pouco do idioma, e conseguiu hospedagem na Casa do Brasil na Inglaterra – nessa época, conheceu o futuro marido. Foi então à França e decepcionou-se com o que considerou burocracia excessiva da Sorbonne, mas marcou uma entrevista para dali a dois meses com Alain Touraine, sociólogo francês renomado por seus escritos a respeito de movimentos sociais e da Sociologia de Trabalho, em que cunhou a expressão “sociedade pós-industrial”. No período de sua graduação na UFRGS, Touraine já era um dos estudiosos mais discutidos.
Ilse levou a sério o conselho da secretária do professor, com quem marcara a entrevista: já chegar com o projeto claro e bem-embasado. Voltou à Inglaterra e pôs-se a trabalhar nisso até o dia do encontro. Levou também sua dissertação de mestrado. Funcionou: ele gostou da proposta, sobre sindicalismo rural, e aceitou a nova orientanda, na Universidade de Paris X, em Nanterre. Conseguiu também uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Nessa mesma época, Touraine escrevia sua principal obra, A produção da sociedade, cujos capítulos foram todos discutidos em sala pela turma de que Ilse participava. Esse modo de trabalhar em grupos, conta ela, foi uma grande influência em sua vida acadêmica.
Após concluir o doutorado, voltou ao Brasil e, em 1974, começou a dar aulas, como horista, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O clima que encontrou no país era de medo. O IFCS recém-passara por um processo em que cerca de quarenta professores foram cassados, entre eles Darcy Ribeiro. “Todo mundo cochichava para falar de política, meu marido não conseguia entender por que aquilo, mas era difícil evitar. E como ensinar Sociologia sem falar em classes sociais?”, observa. Precisava tomar cuidado em sala de aula, para não avançar em temas considerados tabus; em certo momento, foi “aconselhada” por telefone a não participar de um concurso público para professora adjunta, entre 1975 e 1976, porque poderia haver consequências graves se fosse aprovada; preferiu ficar de fora. Em outro concurso, mais adiante, não houve ameaça, e Ilse passou na seleção curricular para adjunta.
Nos sete anos que passou na UFRJ, Ilse viveu o período da abertura política e da luta pela anistia. Criou grupos de trabalho, ajudou a organizar a pós-graduação em Sociologia na UFRJ e foi a primeira coordenadora da pós e do mestrado. Então, em 1981, surgiu a oportunidade de vir para a UFSC, inicialmente como professora convidada, por iniciativa do professor Silvio Coelho dos Santos, que iniciava um grupo interdisciplinar. “Mas na verdade eu sabia que queria fi car por aqui. Deu tudo certo. Queria me integrar aqui e me integrei; logo me sentia em casa, as possibilidades estavam se abrindo”, lembra. Já existia o Novo Sindicalismo, com Luis Inácio Lula da Silva como líder, os movimentos sociais se reorganizavam, dali a poucos anos, em 1984, seria fundado oficialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Um dos primeiros projetos de Ilse na UFSC foi um trabalho sobre desabrigados nas construções de barragens, assunto para o qual acabou voltando ao longo dos anos. Depois de passar os dois primeiros anos em Florianópolis ainda à disposição da UFRJ, passou em concurso público e tornou-se professora titular na UFSC.
Em 1984, durante o VII Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), apresentou o texto “O caráter dos novos movimentos sociais”, considerado peça fundamental para o estabelecimento desta denominação, que abordava ainda o feminismo e o movimento ecológico. Foi incluído também em Uma Revolução no Cotidiano – os novos movimentos sociais na América Latina, de 1987, organizado junto com o professor Paulo Krischke, também da UFSC, e lançado pela editora Brasiliense. Observou surgir essa nova maneira de associativismo e organização nos grupos de periferia de Florianópolis com participação do padre Vilson Groh, ligado desde os anos 1980 à Teologia da Libertação, e, depois, aos movimentos dos Sem-Terra e Sem-Teto.
Ilse também ajudou a definir os conceitos de rede nesses movimentos sociais brasileiros a partir de sua organização mais fluida, com trocas de experiência e articulações e diferentes possibilidades de participação. Ela apresentou essa visão no livro Redes de movimentos sociais, lançado pela editora Loyola, em 1996. Com o tempo, construiu uma produção extensa e influente. Na UFSC, participou de todo o processo de implantação de cotas e políticas afirmativas. “Houve um debate muito acirrado entre intelectuais, e sempre surgia o discurso de que os cotistas teriam aproveitamento acadêmico inferior, mas isso acabou sendo desmentido com os números que mostraram que não havia muita diferença entre eles e os não cotistas”, destaca.
O Núcleo de Pesquisas em Movimentos Sociais, diz, surgiu de maneira informal, quando ex-alunos demonstraram interesse em prosseguir debatendo. “Começamos a fazer encontros periódicos, depois conseguimos uma sala, aí foi indo. Surgiram daí vários trabalhos, e é como eu gosto de fazer as coisas: em grupo.”
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Cerâmica sustentável
Publicado em 11/12/2015 às 09:10Aparas de papel são utilizadas na produção de azulejos
Tamy Dassoler e Ana Carolina Prieto
Um estudo realizado no Programa de Pós Graduação em Engenharia Química desenvolveu cerâmica monoporosa, também conhecida como azulejo, com 20% de aparas de papel. Para realizar sua dissertação, Rodrigo Daros, sob orientação do professor Humberto Gracher Riella, substituiu parte do calcário usado na cerâmica por esse resíduo do papel, mais viável econômica e ecologicamente.
Utilizar as aparas em cerâmicas monoporosas é uma alternativa com benefícios ambientais, pois diminui a quantidade de calcário – um recurso não renovável – e reaproveita os restos de papel, que seriam descartados no ambiente. Essa reutilização ocorre também na correção de solo e na formulação de cimento; no entanto, como a indústria de papel e celulose produz aparas em grande quantidade, a maioria não é reaproveitada.
Na pesquisa de Daros, as cerâmicas produzidas tiveram uma absorção de 3% a 8% maior do que as sem o resíduo, o que significa que a aderência à parede será melhor. O índice alcançado no estudo se mantém dentro do limite que permite classificar a cerâmica como monoporosa – aquela que possui absorção superior a 10%.
Foram utilizados só 20% de resíduos de papel na composição da cerâmica, porque, segundo o pesquisador, esse seria o valor ideal para atingir o índice padrão de absorção de água. Acima de 25%, haveria trincas ou quebras durante a queima do azulejo, devido à retração da peça.
O uso das aparas só foi possível porque sua composição é similar à do calcário, cuja decomposição gera óxido de cálcio, que constitui mais de 50% do resíduo. De acordo com o pesquisador, “o calcário é o ideal, mas como é algo que pode ser extinto, o resíduo supre essa necessidade”.
Esse método também é mais viável economicamente. O resíduo de papel custa R$ 0,014/kg úmido e R$ 0,02/kg seco, de acordo com um levantamento de 2012 feito por uma empresa especializada. Já o preço do calcário é de R$ 0,130/kg. Além disso, o gasto para tratamento e envio das aparas aos aterros – que varia de R$ 0,06/kg a R$ 0,130/kg – iria reduzir-se.
Em 2005, uma pesquisa da Universidade de Aveiro, Portugal, usou 10% do resíduo em argila; outra, de 2006, realizada na Universidade Federal da Bahia (UFBA), utilizou 20% em argamassa. Já a de Daros foi feita em cerâmica, porque, de acordo com ele, é uma produção “em larga escala e são produtos mais naturais, então é mais fácil de colocar nesse setor”.
A pesquisa foi desenvolvida em laboratório, mas Daros pretende expandir o projeto. A ideia foi oferecida a algumas indústrias de cerâmica, porém ainda não houve resposta positiva. “Sempre há alguma resistência, porque é uma novidade, uma inovação”, afirma o pesquisador.
Santa Catarina é o maior produtor brasileiro de cerâmicas monoporosas; em relação a papel e celulose, o estado representa 8,1% da indústria nacional. O Brasil tem a quarta maior produção mundial de celulose e a nona de papel.
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Mudança de Hábito
Publicado em 11/12/2015 às 09:07Tese propõe atividades para estimular uso de bicicleta
Camila Geraldo
Joinville foi conhecida como “a cidade das bicicletas”, por causa de seus muitos operários e poucos morros. No entanto, após os anos 1970, trabalhadores que costumavam pedalar até as empresas trocaram o antigo hábito por automóveis e motocicletas – situação comum nas cidades brasileiras. Essa foi uma das motivações que levou a pesquisadora Ilca Maria Saldanha Diniz, em tese defendida no Programa de Pós- Graduação em Educação Física (PPGEF) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a analisar os efeitos que atividades educativas, como palestras e vídeos, podem causar ao incentivar os funcionários de uma indústria a ir ao trabalho de bicicleta.
A pesquisa, orientada pela professora Maria de Fátima da Silva Duarte, observou, durante seis meses, os meios de deslocamento de 932 funcionários de uma indústria metal-mecânica de Joinville. Foram elaboradas atividades que consistiam em aulas informativas e práticas, apresentações em vídeo, palestras, jogos e leitura de cartilhas de segurança – tudo elaborado a partir das necessidades do trabalhador. As temáticas expostas aos industriários foram a relação do uso da bicicleta com o meio ambiente, saúde, itens de segurança necessários e leis de trânsito.
Para descobrir os efeitos, a pesquisadora montou um Grupo Intervenção (GI) e um Grupo Controle (GC), que, após perdas amostrais no final do estudo, contavam com 876 trabalhadores, 438 em cada. O resultado do estudo foi o aumento de 2,2% no número de funcionários do GI que passaram a se deslocar de bicicleta. “Nós não tínhamos ideia de quanto aumentaria ou se teriam alguma resposta às atividades. Em pesquisas, o máximo de mudanças que vimos em programas no Brasil e no exterior, por meio de educação, foi de 3% de aumento nos fins desejados. Deu muito certo, um resultado positivo”, diz Ilca. A pesquisadora também considerou que, pelas interações terem sido realizadas por somente seis meses esses efeitos foram surpreendentes.
Em outros programas de incentivo ao uso da bicicleta, as atividades educativas foram desenvolvidas por um maior período de tempo, entre 12 e 18 meses.
No estudo, os trabalhadores foram divididos em os que usavam e os que não usavam bicicleta para se deslocar até a indústria. A metodologia empregada consistiu em formar grupos de pessoas com interesses e hábitos semelhantes e desenvolver atividades específicas a cada. A partir disso, em 23 encontros, foram aplicados questionários para compreender as características dos trabalhadores e estimular a forma de transporte. “No processo, as pessoas foram classificadas em estágios, que dependem do hábito que o funcionário tem de pedalar, pois as informações que precisamos dar para que a pessoa mude de comportamento depende da experiência de cada um”, explica Ilca.
De acordo com a pesquisa, é necessário melhorar todo o processo educativo no Brasil em relação à bicicleta, considerando-se o município em que a atividade está sendo aplicada e as pessoas para quem são destinadas as aulas, principalmente nas escolas e ambientes de trabalho. Na realidade daqueles industriários, foi verificado que as maiores barreiras para escolher o meio de transporte eram o trânsito intenso, a distância percorrida para chegar ao destino e o clima desfavorável. Também foram listados os principais motivos para escolher a bicicleta: melhora da saúde, prática de exercícios físicos e proteção ao meio ambiente.
Pelos questionários respondidos, foi possível descobrir que a maioria dos trabalhadores relatou ter ensino médio completo ou curso técnico, com renda familiar entre R$ 1.080 e R$ 2.700. Algumas características predominavam nos trabalhadores que mais pedalavam até a indústria: menor renda, residência à distância menor ou igual a cinco quilômetros, menor escolaridade e posse de bicicleta – cerca de 72% a tinham.
Na opinião da pesquisadora, o que mais influencia o uso da bicicleta é a ciclovia. “Em torno da indústria que estudamos, havia ciclovia em todos os pontos: ciclovia mesmo, não somente uma faixa pintada onde se diz que pode passar a bicicleta. Hoje, as maiores cidades catarinenses ou não têm ciclovias ou, quando têm, elas são interrompidas em alguns pontos e não garantem segurança. Temos que criar a cultura da infraestrutura ciclística e do respeito ao ciclista”, completa.
Um estudo realizado pelo Sesi em 2009 apontou que, no estado de Santa Catarina, a prevalência do uso da bicicleta no deslocamento ao trabalho é em Joinville, com 12,8%. As outras duas cidades catarinenses com maior número de pessoas que costumam pedalar até o trabalho são Lages (12,3%) e Blumenau (7,5%). Muitas das informações contidas na tese serviram de subsídio à formulação de um manual para indústrias do Senai/ Sesi, que está sendo distribuído em todo Brasil.